sexta-feira, março 28, 2008

Foi ...



Palavras enfeitadas, de cores e de nada, que saiem retorcidas de um discurso qualquer...
E é no doce ouvir as coisas que murmuras, que o pranto se alarga e a voz treme. Peito com peito, mão no teu peito, palavras enfeitiçadas, de doces sentires... segredos abertos só para ti, quando do fundo de mim, mais nada se esconde.
Ontem, eras tu que eu queria...
Hoje, sabe-me bem ter-te...
Amanhã, e quem sabe um dia, surpresas galopantes vão surgir, como que a sentir, aquilo que um dia foi nosso...
Hoje, só existe o mar, que sem querer dizer, me diz que não estou mais aqui...
Não tem nexo, nem é para ter... como tantas coisas na vida, involuntárias, e profundas.

Pandora

segunda-feira, março 24, 2008

Parecem sonhar de novo...


Costuma pensar que toda uma vida podia ser vivida através daquele horizonte.
Ao fundo…muito ao fundo, consegue ver o sol a tocar o mar…longe e perto…tanto no inicio como no fim…começam o dia com o toque e no término tocam-se…despedindo-se como se o amanhã não existisse…não poupam o êxtase, que é o pôr-do-sol…ás vezes decidem não se tocar…quando a tempestade está no horizonte, aquela grossa linha que os separa e ao mesmo tempo os une…na medida em que cria a saudade e salva a energia…
“O pôr-do-sol, amanhã, vai ser mais intenso…a tempestade proibiu-o hoje…amanhã vão-se compensar…” costuma ele dizer-lhe…naqueles dias de tempestade…com mantas e bebidas escaldantes…e não só as bebidas.
“ Tu és o sol...eu sou o mar!” sussurrou ela…a frase infinitamente sussurrada…nos dias de tempestade e não só… “ Podemos não nos tocar hoje…mas a tempestade passará…” recordava, assim…a frase ouvida á distância.
A mão que não rodeava os joelhos...firmemente flectidos frente ao corpo…dedilhava doces nadas na areia… “ Não vejo a tempestade…” pensava ela… “ Não vejo a tempestade…onde está o nosso pôr-do-sol?”…
Começou a soprar a brisa fria da noite…apertou mais os joelhos contra o peito…não teve como ouvir os passos abafados pela areia macia…só soube quando sentiu…
“ Estou aqui…” segredou-lhe ele ao ouvido e…enlaçando-lhe o corpo…teve inicio o pôr-do-sol.