quinta-feira, abril 05, 2007

O meu Tempo...

Frequentemente me perco nas ruas desta cidade. Não é minha. Não foi aqui que cresci. Ela não me conhece. Muitas vezes me dou conta da minha pequenez quando ando por aí...
No lugar onde cresci era díficil conseguir descortinar este tipo de coisas. Ao virar de uma esquina estava sempre alguém conhecido. Alguém que me perguntasse como estavam as coisas. Alguém que retribuisse o meu sorriso... alguém familiar...
Viver numa cidade grande, viver a correr, viver sem tempo, viver para o trabalho, casa, trabalho, definitivamente... não cabe em mim!!!
Eu gosto do meu tempo. Aquele que é exclusivamente meu e que faço questão de não o partilhar com ninguém. Não é egoísmo. É apenas um preservar de algo construído por mim, à medida certa...
é ficar em silêncio, durante largos minutos, na varanda da minha casa, a olhar para longe e fumar um cigarro calmamente...
é passear o cão, respeitando e seguindo os seus passos, sendo guiada exclusivamente por ele... é chegar a casa, descalçar-me, tirar a roupa, pôr a música alto e dançar até me doerem os pés...
é tomar um banho, demoradooooooo, fechar os olhos e deixar que a água toque suavemente na face...
é ler um livro com as pernas dobradas no sofá e com a cabeça deitada nas almofadas...
é comer chocolate até doer a barriga...
é olhar-me ao espelho com e sem vaidade, tentando perceber o que já mudou no meu corpo...
é beber champanhe sem razão nenhuma, só porque me apetece...
é ouvir uma daquelas músicas que já quase ninguém ouve e chorar porque o coração parece pequenino demais...
é ficar calada. Não dizer uma palavra simplesmente porque não me apetece falar. Quero ouvir apenas a voz que há cá dentro...
é recordar aqueles que já passaram na minha vida e que se foram por esta ou por aquela razão... ou até sem razão nenhuma...
é fazer instrospecções tentando compreender o que poderei fazer melhor com o intuito de me tornar numa pessoa melhor...
é respeitar a minha solidão, conferir-lhe tanta importância como aquela que dou aos momentos em que me encontro rodeada de gente...
No fundo, na nossa relação pessoal, o poder que esta cidade tem é... nenhum. Não me dá minutos para me dedicar a mim própria, não me deixa respirar como gostaria, não me dá espaço, nem liberdade, portanto a sua força é nula...
Só sentimos a força e o poder de alguma coisa ou de alguém quando nos vemos a crescer e a evoluir. E eu sinto-me cada vez mais pequenina...

(Onde andas tu Aquiles??!!)