sábado, agosto 18, 2007

Amor de Pai

Já disse aqui que tenho dois filhos…um com menos de um mês e outro com dois anos e meio...
Quando se tem que dar atenção a muita gente, algo acaba sempre por ficar para trás…neste caso tem sido o blog…peço desculpa, mas prefiro assim.



quarta-feira, agosto 15, 2007

terça-feira, agosto 14, 2007

"Emigrantices!"


Não poderia passar o mês de Agosto sem falar em ... Emigrantes!! (Consideram-se emigrantes portugueses, os cidadãos portugueses que tiverem deixado o território nacional para, no estrangeiro, exercerem uma actividade remunerada e aí residirem com carácter permanente...)


Porquê? They are everywhere!!!


E porque os admiro. É verdade. Admiro-lhes a vontade de “gozarem” o seu país de origem, o tal que os viu nascer. Passam um ano inteiro a trabalhar, uns com mais sacrifício do que outros, mas entram nas terrinhas com o coração aberto, a carteira solta, o pé mais leve para o bailarico, a goela solta, a sede assumida e a fome na barriga... ""Eu vou comer, eu vou comer, até me lambusar, porque se eu não comer vem outro e come em meu lugar..."


Experimentem ir a um baile de uma aldeia. Experimentem e sintam-se pequeninos. Ele é vê-los a dançar como se o corpo fosse elástico; conseguem fazer malabarismos com as pernas sem entornar um pinguinho do copo que seguram, religiosamente, na mão e refiro o que mais me deixa intrigada: como conseguem eles pegar nas senhoras, fazê-las rodopiar incessantemente, levantá-las, dar voltas à sua volta, e mesmo assim, não cair e não desmanchar as cabeleiras?? Mistério, sorte ou boa laca???


Querem lá saber se só dançam música pimba. É aquela que tem ritmo, alegria e letras malandras. É com elas que esboçam aquele sorrizinho maroto e piscam o olho às meninas das proximidades... E na altura dos “slows” sabem agarrar. Literalmente. E é lindo vê-los a olhar languidamente para o par e depois pousar a cabecinha no ombro...


Querem lá saber se o ouro lhes pesa no pescoço e nos pulsos. Reluz. Fica bem na indumentária escolhida meticulosamente.


Querem lá saber se exageraram no perfume francês que, de tão caro que foi, cheira-se a quilómetros de distância. Cá para mim partilho da opinião: ou se põe ou não se põe de todo. E se se põe não sejamos egoístas: deixemos que TODA a gente o sinta.


Querem lá saber se não os entendem quando misturam línguas e dizem qualquer coisa do género : “ Tu és belle e joli. Queres danser? Coladinhos?” Gosto desta “poliglotice”. É que às tantas já estamos na mesma onda e respondemos: “ Non quiero. Doem-me os pieds”...


Querem lá saber se lhes chamam “avecs”, “emigras”, “franciús” (mesmo que estejam emigrados na América) ou até os “ventania” (há muita imaginação na minha terra)...


Querem lá saber se fazem barulho. Para eles é sinónimo de cumplicidade, de comunhão, de partilha com aqueles que estiveram longe demasiado tempo. Onde há música alta, por estes dias, das duas uma: ou estamos perto de um desses festivais de Verão ou é festa de emigrante!!


E também não pensam na despedida. Vivem cada dia intensamente. Cansam-se num cansaço que faz inveja. Divertem-se numa diversão que só eles sabem construir. Nós, por cá, dizemos baixinho: “Olha-me para aquele... que figurinha... carro alugado, vê-se logo... grande penteado...” mas, lá no íntimo, sentimos orgulho daqueles que se aventuraram para além das nossas fronteiras, que trabalham arduamente e nos representam lá fora. São nossos. Hão-de sê-lo sempre porque à primeira nesga da porta escapam-se para cá...


Dou-lhes as boas vindas e prometo não me rir mais de penteados até ao tecto, de roupas do século “troca o passo”, de carros “chunguing”, de músicas em altos berros para toda a cidade ouvir, e de piropos imperceptíveis... Ok, não prometo, mas vou-me esforçar para não o fazer!!