quarta-feira, dezembro 20, 2006

Pormenores!

Às vezes páro um pouco... Olho à volta, observo os que me rodeiam.
Sempre me disseram que era boa observadora... Talvez porque presto demasiada atenção a detalhes que, provavelmente, passam despercebidos ao primeiro contacto. Os pormenores definem as pessoas. De uma maneira geral, à primeira vista e ao primeiro toque, somos todos muito parecidos. O que realmente nos distingue são as pequeninas coisas... aquelas que alguém designou de “pormenores sem a mínima importância”!

Tive um namorado, há alguns anos atrás (como o tempo passa), que me surpreendeu muito com algumas palavras. Quando lhe perguntei o que gostava mais em mim (hoje já não faço perguntas dessas, amadureci e como tal receio a resposta) respondeu-me desta forma: “Gosto da forma como andas e da forma como falas”... Na altura pensei “Este gajo é parvo de certeza!!! Da forma como falo até nem é mau mas... podia dizer que gostava do meu cabelo, podia dizer que gostava dos olhos ou dos lábios, até podia dizer que não gostava de nada... agora da forma como ando??” Bem, lembro-me que, durante uns tempos, antes de sair de casa, me virava de costas para o espelho e andava em direcção à porta com a cabeça virada, observando como era o meu “andar”... Para mim, normal!! Para ele, pelos vistos, não. O que é realmente curioso é que ainda hoje, depois de alguns anos, essas são as palavras que mais me lembro ditas por ele. Já esqueci o cheiro, já não me lembro dos gostos, não sei o que queria ser quando fosse “mais crescido” mas recordo-me perfeitamente daquele comentário... Pormenores!

E o mesmo se passa com os locais que conhecemos... adoro viajar e tenho o privilégio de já ter conhecido alguns pontos interessantes! O que guardo deles são, igualmente, pequenos grandes momentos.
Há um lugar, escondido entre as serras quase inóspitas de Trás os Montes que, de tão natural e simples que é, me transmitiu uma sensação de paz, nunca antes vivida em qualquer outro local. É uma aldeia, daquelas que têm só uma estrada que acaba na Igreja. As casas, meia dúzia, são próximas (não vá o Diabo tecê-las) umas às outras e exalam aquele cheiro a fumo, a quente, a gente que vive em comunhão com o que a terra lhes oferece. Na única rua há bancos de pedra e num deles está um ramo de flores. Soube depois. Uma homenagem singela a alguém que tinha partido recentemente e que se sentava ali. Era dele aquele sítio. Durante uns tempos ninguém tem a coragem de o ocupar. Pormenores! Aqui, enquanto andamos, conseguimos ouvir cada um dos nossos passos (e lá vem o andar novamente, aquele rapaz traumatizou-me) porque o que realmente caracteriza esta aldeia é o silêncio! O silêncio que incomoda tanta gente... o silêncio que muitas vezes é mal compreendido porque se teima em pôr em palavras o que, às vezes, é perceptível apenas com um olhar ou com um simples toque... O silêncio vivia ali! Descobri eu... talvez de mãos dadas com a solidão. Não uma solidão que assusta e que preenche os dias de coisas vazias mas uma solidão consciente, sã... uma solidão que já se tornou aliada contra o tempo! E o tempo, neste sítio, é vivido não em horas, minutos ou segundos mas antes em manhãs, tardes e noites...
Solidão, Silêncio e Tempo. Três palavras fantasmas do corre corre do nosso dia-a-dia: somos exigentes demais para estarmos sós, falamos bem demais para estarmos calados e somos reais demais para sermos efémeros como o tempo...
Pormenores...

Vinicius de Moraes

Eu sei e você sabe
Já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe
Que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos
Me encaminham a você.

Assim como o Oceano, só é belo com o luar
Assim como a Canção, só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem, só acontece se chover
Assim como o poeta, só é bem grande se sofrer
Assim como viver sem ter amor, não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você!

DIVAGAÇÕES


Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas;
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!


Florbela Espanca

Silêncio

Quando estava a escrever o comentário para a Selene, abri o meu livro de “apontamentos”, o livro onde eu escrevo, onde eu escrevo o que leio e gostaria de ter escrito… Coisas do género… Pois bem, encontrei uma frase que diz tudo:

“ Bateram à porta, hesitei, não quis abrir… Bateram de novo, com mais força, mas depois não insistiram mais, desceram as escadas em silêncio… Para sempre partiram… Deixando estas palavras fatais “ Eu sou a Felicidade e não voltarei jamais”.

Num sentido mais pessoal, dirigido a alguém ( a pessoa saberá), não AL não é para ti…
Tiveste-me, completo…desde o cabelo mais rebelde à ponta das botas, até à última fibra de mim…Tiveste…Não mais voltarei…

Num sentido mais lato… Gozem a vida… Carpe Diem!

Ai Ai Ai

Após a tempestade vem a bonança…Suponho que deve dar ao contrário…Ou então, “ Azar ao jogo sorte no amor…”, “ Quem tudo quer tudo perde”…
O certo é que já tive dias melhores…para ajudar à festa não conseguia entrar no blog!

Porque te foste assim?

- Porque te foste assim? Não te despediste...
- Não sabia como!
- Não sabias como?! Como é isso possível? Não gostas de mim?
- Sim, demais.
- Não vais sentir saudades minhas?
- Vou, demasiadas.
- Não vais sentir pena de não te rires comigo?
- Sim, mas vou lembrar-me sempre do teu sorriso...
- Não me vais ver...
- Vou-te sentir ao meu lado todos os dias...
- És egoísta.
- Sou corajoso!
- Corajoso? Não. És cobarde. Foges dos problemas.
- Quero que entendas: desliguei-me da vida, desliguei-me de ti e de todos porque para mim a felicidade só é possível quando temos uma caminho pela frente e quando vale a pena tentar e arriscar... a mim não me restava nada! Apenas a morte...
- E vês-me a chorar?
- Vejo, sinto e choro contigo!
- É um sofrimento atroz... sabias? Saber que deveria ter-te dito mais vezes que te amava, que me fazias bem, que no teu colo encontrava a paz, que as tuas histórias me faziam sonhar, que o teu abraço era perfeito, que quando ralhavas ficavas vermelho de ira mas tinhas o coração apertado... dizer-te que eu era aquela princesa que falavas tanto... era eu, tenho a certeza... e as tuas cantigas perto do meu ouvido. Ainda sei a letra e hei-de cantá-las um dia.... Porque te foste assim?? Arrependo-me de tanta coisa que não fiz por ti...
- Senta-te no meu colo.
- Eu cresci.
- Eu sei mas senta-te no meu colo. Não envelheci.
- E posso ler-te um texto? Descobri-o para ti... e podias ter sido tu a escrevê-lo...
- Agora tenho todo o tempo do mundo... lê-o...
- E amanhã estarás cá?
- Estarei. Numa solidão acompanhada, numa existência permanente...

Se, por um instante ,Deus se esquecesse de que sou uma marionete de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida,possivelmente não diria tudo o que penso,mas ,certamente pensaria tudo o que digo. Daria valor às coisas,não pelo o que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco,sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os demais parassem, acordaria quando os outros dormem. Escutaria quando os outros falassem e gozaria um bom sorvete de chocolate. Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida vestiria simplesmente , me jogaria de bruços no solo,deixando a descoberto não apenas meu corpo, como minha alma. Regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo de suas pétalas. Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida!... Não deixaria passar um só dia sem dizer às gentes- te amo, te amo. Convenceria cada mulher e cada homem que são os meus favoritos e viveria enamorado do amor. Aos homens, lhes provaria como estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar. A uma criança,lhe daria asas,mas deixaria que aprendesse a voar sozinha. Aos velhos ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento. Tantas coisas aprendí com vocês, os homens... Aprendí que todo mundo quer viver no cimo da montanha,sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa. Aprendí que quando um recém-nascido aperta com sua pequena mão pela primeira vez o dedo do pai, o tem prisioneiro para sempre. Aprendí que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se. São tantas as coisas que pude aprender com vocês,mas,finalmente não poderão servir muito porque quando me olharem dentro dessa maleta,infelizmente estarei morrendo " GABRIEL GARCIA MARQUEZ

Comentando o texto da Selene

O homem sempre foi e sempre será mais aberto que a mulher, talvez por não ter receio de se magoar, por ter um espírito mais empreendedor, como disseste… romântico.
Penso que nós, os homens, nos aproximamos mais das crianças nesse aspecto, não no aspecto da infantilidade, mas sim da ingenuidade, o que um homem pede, luta, sua e sangra, é a nossa natureza.
Mas, sinceramente, algumas senhoras não percebem que apesar de aparentarmos espíritos de pedra, força de leão… sofremos. Certas coisas deveriam ser evitadas, outra retribuídas… tipo os telefonemas…LIGA-ME! ( brincando).
É tudo.
Muito obrigado… Adorei o texto :D

terça-feira, dezembro 19, 2006

Mulheres Vs Homens

Em tudo, mas em tudo mesmo, os homens são diferentes das mulheres! Ontem dei por mim a pensar que tanta diferença só pode realmente dar confusão…
Sou romântica. Admito! Gosto de tudo o que tenha a ver com actos de amor, de surpresa, de paixão e de erotismo… Chego a ser exigente com os pormenores… e normalmente é evidente que… me desiludo! Uma desilusão já esperada, confesso! Mas, e por muito que me custe a admitir, os homens são mais românticos do que as mulheres. Vejamos.
As mulheres gostam de surpresas, os homens gostam de surpreender;
as mulheres são envergonhadas nos seus desejos, os homens são exímios a revelá-los;
as mulheres escondem-se num “não” que significa (quase sempre) sim, os homens não se escondem em palavras e revelam-se em actos simples;
as mulheres são excelentes sonhadoras de fantasias, os homens também sonham mas procuram realizá-las;
a mulher, mesmo apaixonada, não se mostra, o homem fá-lo de uma forma natural e espontânea…

Na literatura temos alguns exemplos de textos românticos escritos por uma mulher e por um homem que denunciam claramente esta diferença…
Florbela Espanca dizia assim:

“Eu quero amar, amar perdidamente ! Amar só por amar: Aqui ... além... Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente ... Amar ! Amar! E não amar ninguém !”

Ok, ela quer amar! Entendido. Mas quem?? Faz de propósito… misteriosa como só as mulheres o sabem ser!!! E termina o poema com a palavra mais vaga do mundo… “ninguém”!!

Pablo Neruda, no entanto, disse assim:
“Do teu passado
Não tenho ciúmes.
Vem com um homem às costas,vem com cem homens nos cabelos,vem com mil homens entre o peito e os pés,vem como um rio cheio de afogados que encontra o mar furioso,a espuma eterna, o tempo!
Trá-los a todos ao lugar onde te espero:estaremos sempre sós,estaremos sempre, tu e eu,sozinhos sobre a terra para começar a vida!”

Directo. Não está a falar para as mulheres todas do mundo. Não. Nem sequer está a escrever para “ninguém”. Dirige-se simplesmente a uma. A eleita. Essa pode vir de qualquer maneira…
No fundo, e na minha humilde opinião (as mulheres que me perdoem), só os homens sabem realmente amar. Repito. Os homens quando amam é realmente de coração, alma e corpo… amam tudo. As mulheres dizem que amam mas, o que realmente importa, é sentirem-se “amadas”…

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Perdi-me

Hoje acordei e senti-me... terrivelmente... só.
Sozinha num silêncio que só eu entendo, talvez porque os silêncios são pessoais e escondem-se atrás das palavras!
Pensei em chamar-te.
Pensei em quebrar este som sem som que se instalou na nossa cama.
Pensei em puxar-te para mim e dizer-te baixinho que me apetecia falar sobre qualquer coisa que ainda nos una.
Pensei em pensar em nós.
Pensei na primeira manhã de uma noite em claro, incomodada com os meus movimentos, cautelosos demais para não te acordarem.
Pensei nos teus olhos frios de luz, na tua boca seca de palavras, no teu cabelo com um odor que já não mais conheço.
Pensei na minha voz e na tua voz e nos caminhos onde já não se cruzam.
Tu estavas lá. Aninhado nos teus sonhos, dos quais não faço parte (alguma vez fiz?), enrolado num lençol desarrumado... como a nossa vida.
Olhei para ti na esperança de encontrar uma razão que me prendesse ao teu corpo e ao teu cheiro.
Toquei-te suavemente no ombro esperando encontrar o calor do teu abraço dos dias mais difíceis.
Sussurrei o teu nome e pacientemente aguardei uma palavra...
Então, o quarto, o nosso quarto, tornou-se demasiado pequeno e eu demasiado grande para caber nele.
Levantei-me e saí sabendo que o meu lugar na cama deixára de existir. Como eu. Como nós. Como a nossa vida.
No espelho, apenas uma prova da minha existência: um papel amarelo no qual escrevinhei: “Perdi-me e tu não me vais encontrar!!”.

Bem vinda!

Selene... Tens a palavra

Deusa da Lua

Visto-me com este nome porque me leva a um espaço distante e longe de tudo o que está à frente dos meus olhos... A Lua, apesar de conseguir ser vista quase todas as noites, não se deixa descobrir!! Arrasta consigo segredos, mistérios... A Deusa da Lua, Selene, adorava banhar-se no mar antes de regressar ao céus. Combinação perfeita. A lua espelha-se no mar!