sábado, fevereiro 24, 2007

Uma música...

Caminhar por uma terra vazia,
Conhecer o caminho como as palmas das minhas mãos
Sentir a terra debaixo dos meus pés...
Sentar-me à beira rio e sentir-me completa...

Para onde terás ido??
Estou a envelhecer e preciso de me apoiar em algo...
Diz-me quando me vais deixar entrar porque estou a envelhecer
E preciso de começar de novo por algum lado

Passei por uma árvore caída
e senti os seus ramos...
estarão a olhar para mim??
É este o sítio que amávamos,
é este o sítio com o qual tenho sonhado??

E se tiveres um minuto porque não vamos?!
Falar sobre isso num sítio que só nós conhecemos?!
Pode ser o fim de tudo e então porque não vamos? Porque não vamos?

Para algum sítio que só nós conhecemos???

Será que era isto que ele pretendia transmitir??? É que se era, eu entendi perfeitamente... Todos nós temos lugares especiais como este... O meu realmente está vazio. Está guardado. E visito-o sempre que posso.
Para ouvir e pensar...


http://www.youtube.com/watch?v=Ai-iXXVeuwA&mode=related&search=

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

Fernando Pessoa - 70º aniversário da sua morte

"A felicidade exige valentia.
Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

domingo, fevereiro 18, 2007

Teve de ser...


Desde pequenino, naqueles momentos antes de cair no sono profundo, quando o mínimo ruído nos acorda e o abraço mais terno nos embala, que estipulo objectivos para a minha vida futura. Quando era pequenino queria ir para a escola e jogar futebol, mais tarde, já na Academia Militar pensava em ser o chefe de turma...de ano, ir à frente e controlar a marcha dos meus camaradas…Com a idade os objectivos foram mudando, ganhando consistência...acabaram mesmo por se repetir.
Agora quando me deito penso “ Vou acordar amanhã porque tenho um filho para educar, uma mulher que amo, quero escalar a hierarquia militar.”…É um pensamento constante.
Muitos chamar-lhe-ão sonho…É verdade é um sonho, mas quantos de nós não têm sonhos? Aqueles objectivos que nos fazem acordar de manhã, olhar para o espelho e pensar “ Epah…Acorda para a vida...vive-a!”…
Não sei porque razão me lembrei disto agora, não sei porque estou a escrever sobre algo que nem na minha mente está claro…Talvez tenha pensado nisto ontem, quando me virava na cama a procurar a posição ideal, se calhar estou apenas melancólico… Qualquer que seja a razão…teve de ser.


PS:Para os que me conhecem desde pequenino...
Sim...Ainda penso que um dia...longínquo ou não, vou mudar o mundo...

Labirinto


.... se me pedissem para fazer uma analogia entre a minha vida e outra coisa qualquer seria fácil. A minha vida é como um labirinto. Pauta-se pelo leque de variados caminhos, pelas escolhas múltiplas, pelas decisões difíceis e sem retorno, mas, apenas uma meta...
Quantas vezes já dei por mim a optar pelo caminho da direita, por me parecer mais rápido e menos doloroso, e bater com o nariz num beco sem saída?!
Tantas outras escolhi o caminho da esquerda e percorri, exausta, kms e kms de estrada alcançando no fim a porta almejada devidamente aberta...
Alturas houve em que o labirinto que é a minha vida me colocou tão grandes obstáculos, dissimulados, escondidos entre as pedras, em formas de buracos fundos e escuros, apenas com a certeza que eu cairia neles em momentos de descontracção e de desatenção. A astúcia e até a intuição me alertaram para estes perigos e, de olhos bem abertos, pé ante pé, fui apalpando o terreno sinuoso cuidadosamente. Uma vez, caí. Deixei o corpo dentro do buraco escuro mas os meus braços permaneceram heroicamente do lado de fora... presos à vida! Icei-me, a custo, raspei os joelhos, esfolei as mãos do esforço mas passei ferozmente para o outro lado!! Ofegante limpei as lágrimas de dor, ajeitei o cabelo, sacudi o pó da roupa e ergui a cabeça. Continuei...
Também já aconteceu no final de um longo caminho descobrir duas portas, lado a lado, exactamente iguais. Aproximei-me e espreitei por ambas fechaduras na esperança de encontrar algo que as distinguisse seriamente e que me levasse a tomar a atitude correcta. Nada. Do outro lado das portas a mesma paisagem, o mesmo cheiro, as mesmas perspectivas. Pensei automaticamente: “Abrindo qualquer uma delas usufruirei do mesmo bem estar e conforto”... sim, aconteceu de facto ter tido já a sorte de após a passagem ter iniciado uma caminhada solarenga! Mas já abri uma porta e depois outra e depois outra e depois outra e depois outra...

No labirinto que é a minha vida há frases escritas nas paredes. Frases que marcam o meu percurso. Frases escritas por mim, frases de conhecidos, de pessoas que se cruzaram e me tocaram na minha excursão, de desconhecidos que, sem interpretarem e sentirem o meu corpo, me tatuaram com a simplicidade própria de letras que se unem e formam pensamentos... Cada frase é uma escada e cada escada é uma etapa concluída...
Acompanhando a sombra dos meus passos existe também a música. Em cada compartimento paira no ar uma melodia diferente: nas encruzilhadas e nos caminhos íngremes músicas com mais ritmo, com mais energia. Nas ruelas estreitas, onde normalmente não posso caminhar lado a lado com mais ninguém, músicas suaves impregnadas de metáforas e sentimentos...
No labirinto que é a minha vida há apenas uma certeza: do lugar onde pretendo chegar. Como, quando e com quem pretendo lá chegar são apenas pormenores. Fazem a diferença, obviamente, mas quem abre as portas sou eu...