segunda-feira, dezembro 10, 2007



Como os dedos trémulos percorreu o risco perfeitamente traçado entre os cabelos. Sacode a poeira imaginária do casaco preto, maniacamente, sistematicamente, engomado. Alisa o colarinho da camisa branca, novamente, e fixa um ponto intangível na parede caiada.
Como explicar a um homem de ciência algo tão abstracto como o seu sentimento?
Verifica as horas, novamente…Olha em frente e, finalmente, um homem elegante senta-se à sua frente.
“ Olá Rapaz!”
“ Olá Senhor S.”

Tenta arranjar um tema interessante, inteligente para iniciar uma conversa. Não se lembra de nenhum. Pergunta-lhe pela mulher…a mulher está boa. Pergunta-lhe pelo trabalho…falam da crise. É interrompido.
“ A minha filha falou de…casamento.” Declara o mais velho. “ Explica-me lá isso, se fazes favor…”
Eu…nós gostamos muito um do outro!”
“ Que bom…E? Eu gosto muito do meu vizinho…”

Engasga-se…tosse, bebe água, a impressão continua. Tenta falar e volta a tossir.
Calma rapaz!”
“ Não é gostar…É amar.”
“ O que é o amor, rapaz?”

Olha para o casaco, sacode a poeira imaginária, alisa o cabelo…fixa os olhos do homem que lhe retribuem a sua imagem…aterrorizado!
Explicar o amor é como contar todas as estrelas…impossível...mas posso tentar contar.
O mais velho sorri…sorri como se soubesse o que o jovem estava a pensar. No fundo…sabia.
O sorriso é retribuído…o jovem sente-se aceite.

1 comentário:

ÞrincessFaßiana disse...

Pois é verdade... o Amor ... não se sabe explicar, só sabemos identificá-lo através de sintomas que sentimos ... alguém o pintou de cores, e enfeitou de laços e corações, ficou mais bonito ... no entanto continua misterioso :)
beijokas