sábado, junho 21, 2008

Era para ser eterno


Lembro-me das datas, dos dias em que eles te “roubavam” de mim…directamente do beijo, do conforto de um abraço…de uma simples conversa, de uma discussão…Lembro-me de todos os teus horários, de todos os números e da forma como atendias o telefone, identificando-te…imediatamente, personalizando o atendimento conforme o agente… “Não faças como da outra vez…o PT é para vir inteiro!”
Lembro-me da tua camisa azul…lembro-me de dizeres todos os dias “ Maldita gola, diabo do cartão!”...quando levantavas a gola para cima…para colocar a “inconveniente” da gravata…lembro-me dos “apetrechos” em redor do cinto…do bivaque que trazias na divisa…quando ninguém via.
“ Não quero continuar esta relação…” disse-te enquanto te ajudava com o verbete de ultima instância… “ Porquê?”…perguntas-te, olhando para cima…e vi os teus olhos brilhantes.
Não te dei o motivo logo…não te dei o motivo com brevidade…não sei se alguma vez to dei…mas tu sabes…Medo.
Medo de me entregar, totalmente, a algo…que era para ser eterno…medo de me entregar menos do que devia, medo de te magoar…de me magoar magoando-te..Medo de não conseguir…honrar o meu juramento de fidelidade…Medo de gostar e de depender demasiado de ti…
Arrependi-me…
Lembro-me do momento em que me disseste que ias casar…Levantei-me e disse que não queria falar do assunto…mandaste-me sentar, sem retórica nem carisma… “ Estão ali os meus homens…não me vais deixar a falar sozinha”…disseste com a imperatividade das tuas duas estrelas…Enquanto me explicavas sentia-me a afundar naquela cadeira…imaginando o teu futuro…eternamente sem mim…ouvia vozes da ordem unida…imaginava o riso das “meninas” da faculdade de belas artes…com quem dividiam uma parede das instalações..e que “ secretamente gostam de ver polícias a marchar!”
Naquele dia, percebi que…as coisas nunca mais seriam iguais…não seria o teu confidente, não te contaria metade das futilidades de um solteiro…nem tu me falarias dos desvarios de uma mulher casada…do alto da sobriedade do “celibato matrimonial”…da fidelidade e do respeito que me tinhas e eu te tinha… a ideia pairava.
Tenho a ideia…talvez a falsa ideia…de que querias que eu dissesse “ Não! Não cases…não quero que cases! Não me deixes, não te deixo.”...casarias? Não casarias?
Aquilo era para ser eterno…o que tens será eterno…e eternos somos “Nós”.

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