terça-feira, outubro 09, 2007

Sento-me. Ligo o computador. Ultimamente este é o meu porto de abrigo, a minha ligação preferida, o meu tempo... e usufruo dele com a alma cheia, o coração aberto e um sorriso nos lábios.

Os anos que já vivi sempre se pautaram, felizmente, por acontecimentos maioritariamente fáceis. Deles retirei a alegria de viver, de trabalhar, de lutar pelos meus objectivos e de construir uma vida, de certa forma à minha maneira: simples, clara e objectiva.

Quando todos os outros achavam que estava na altura de sair, de conhecer pessoas, de romper as noites até à madrugada, já eu me tinha cansado e decidido fugir dali. Não isolar-me dos que me acompanham desde que me conheço, apenas seguir um rumo diferente e tentar perceber se os outros me respeitam pela opção. Quase sempre o fizeram...

Quando tinha tudo para vingar numa profissão escolhida por mim, num local certo, com horário certo, com colegas certos, com casa certa, decidi fazer as malas e partir para uma ilha. Queria sentir-me útil, queria estar só, queria fechar os olhos e tentar conhecer-me... Sei hoje que a minha utilidade teve os seus dias, a minha solidão quase me endoideceu mas conheci-me. Completamente!

Quando tudo o que me rodeava estava mais do que preparado para que a minha vida estabilizasse, com a casa dos sonhos, com o marido ideal, com a perspectiva de filhos, com o cão no jardim… decidi fugir dos planos, envergar pelo incerto sem rodeios, tomar as minhas decisões, arriscar, bater com a cabeça mas aceitar esse erro como forma natural de aprender, usufruir do não planeamento, do caos, da anarquia de sentimentos que me invadiram… Sei hoje que o egoísmo se paga caro, que não nos podemos desligar daqueles que se unem a nós, que há sentimentos que não podem e nem devem ser quebrados com facilidade, até porque, são dolorosos, e, acima de tudo, sei hoje que a verdade magoa. Muito.

Quando todos diziam que a realidade era o que existia, que os factos não se discutem, que as tristezas são incontornáveis e que as lágrimas são um caminho e não uma reacção já eu acreditava que a realidade só faz sentido vivendo em sintonia com o sonho, que os factos só são factos porque podem ser discutidos, que as tristezas são perfeitamente combatidas quando lhe atiramos à cara alegrias, por mais pequeninas que sejam, e que as lágrimas não são nem caminho nem reacção. São antes gotas de nós que, aqui e ali, se mostram… gotas que têm sabor a mar. E, arrisco-me a dizer que, só por saberem a maresia já são imensas…
Simples, clara e objectiva!! Não vos parece, pois não??!!

1 comentário:

ÞrincessFaßiana disse...

Existe um tempo para tudo, até para vivermos as maiores louras que as nossas mentes jamais alguma vez pemsaram ... existe um tempo para batermos com a cabeça nas paredes desenfreadamente até percebermos que dói!
Tudo tem o seu tempo, a sua hora, e a Vida não tem que ser perfeita, com o cão no jardim, com os filhos na escola, com o marido lindo, com a cada ideal e o trabalho fantastico ... não tem que ser, mas é sem duvida a opçao que doi menos ... errando se cresce, e crescer nao é facil, era bem mais facil quando chegava da escola fazia os trabalhos de casa á pressa e ainda tinha os dias inteiros para brincar ( mesmo assim nessas alturas reclama-se :) ... brincar .. e ao k é k brincamos com essa idd? ás vidas perfeitas :)))
Saber viver nao custa, o modo como damos certas porradas na vida e a vida em nós é que as vezes dói um bocadinho :)
Um grande beijo Selene
É sempre um prazer ler-te :))
Bjo Fabi ***