quinta-feira, junho 05, 2008

So I will be here.


Todas as pessoas haviam regressado á sala, ao posto onde estavam de serviço…ás famílias em casa…só eles continuavam erguidos.
No meio do infinito corredor, rodeados por gabinetes e mais gabinetes…onde vivalma passava periodicamente…mas não parava…só eles.
…O som intermitente da lâmpada fundida…o ruído de uma impressora a trabalhar ao longe…um som na conduta de ar…o roçar do casaco em casaco…não se ouviam vozes, nem barulhos humanos. Tudo era maquinaria e impessoalidade.
“ E agora?” perguntou ela passando a mão na nuca, velho tique nervoso.
“ Agora..agora não sei.” Disse ele olhando para a lâmpada..que começava a irritá-lo, seriamente..
“ Perdemos..perdemos tudo!” disse mexendo-se até a uma parede onde, lentamente, encostou a testa. “ Perdemos tudo! Tudo!”
Estendendo a mão tocou-lhe ao de leve na cintura… “ Continuamos a ser nós…continuas a ser a minha preferida. Vamos sair daqui juntos, vamos voltar aqui juntos…”
Virou-se para ele…dando um passo em frente. “Continuamos a ser nós?”
“Sim…Nós. Continuamos a ser nós!” tentou sorrir…mas o riso saiu como algo doloroso…tentou falar mas a voz ficou presa.
“ Continuamos a ser nós…” repetiu ela enquanto o abraçava…apoiando a cabeça no seu braço… “Vamos sair daqui juntos!”
“Sim” afirmou ele, enquanto a rodeava pelo peito…o som do raspar dos impermeáveis de treino confundiu-se com o som da lâmpada fundida.
Sentiu as costas da companheira a tremer…como se pequenas convulsões a assomassem…instintivamente, apertou-a mais.
“ Não me deixes…” pediu ela, agarrando-o com força.
“ Não..” disse ele respondendo ao contacto.
“ Não me deixes!”
“ Não deixo…não te deixo!”…beijou-lhe o cabelo… “Não te deixo!”
As lágrimas molharam o tecido impermeável, escorrendo incontrolavelmente…O abraço era forte, cada vez mais forte…Os braços comprimidos contra as costas…como algemas.
“Não te quero largar…” disse-lhe ela.
“ Eu não quero que me largues!” disse ele, não lhe sendo possível apertar mais.. “ Somos um! Estamos juntos..”
Quem os visse…se por acaso passasse naquele corredor, desconhecido da raça humana…diria que eram um casal de apaixonados…a desfrutar de um abraço ao fim do dia…
Só eles sabiam..que o que se passava não era assim tão… óbvio.

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