segunda-feira, dezembro 18, 2006

Perdi-me

Hoje acordei e senti-me... terrivelmente... só.
Sozinha num silêncio que só eu entendo, talvez porque os silêncios são pessoais e escondem-se atrás das palavras!
Pensei em chamar-te.
Pensei em quebrar este som sem som que se instalou na nossa cama.
Pensei em puxar-te para mim e dizer-te baixinho que me apetecia falar sobre qualquer coisa que ainda nos una.
Pensei em pensar em nós.
Pensei na primeira manhã de uma noite em claro, incomodada com os meus movimentos, cautelosos demais para não te acordarem.
Pensei nos teus olhos frios de luz, na tua boca seca de palavras, no teu cabelo com um odor que já não mais conheço.
Pensei na minha voz e na tua voz e nos caminhos onde já não se cruzam.
Tu estavas lá. Aninhado nos teus sonhos, dos quais não faço parte (alguma vez fiz?), enrolado num lençol desarrumado... como a nossa vida.
Olhei para ti na esperança de encontrar uma razão que me prendesse ao teu corpo e ao teu cheiro.
Toquei-te suavemente no ombro esperando encontrar o calor do teu abraço dos dias mais difíceis.
Sussurrei o teu nome e pacientemente aguardei uma palavra...
Então, o quarto, o nosso quarto, tornou-se demasiado pequeno e eu demasiado grande para caber nele.
Levantei-me e saí sabendo que o meu lugar na cama deixára de existir. Como eu. Como nós. Como a nossa vida.
No espelho, apenas uma prova da minha existência: um papel amarelo no qual escrevinhei: “Perdi-me e tu não me vais encontrar!!”.

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