Parecem sonhar de novo...
Costuma pensar que toda uma vida podia ser vivida através daquele horizonte.
Ao fundo…muito ao fundo, consegue ver o sol a tocar o mar…longe e perto…tanto no inicio como no fim…começam o dia com o toque e no término tocam-se…despedindo-se como se o amanhã não existisse…não poupam o êxtase, que é o pôr-do-sol…ás vezes decidem não se tocar…quando a tempestade está no horizonte, aquela grossa linha que os separa e ao mesmo tempo os une…na medida em que cria a saudade e salva a energia…
“O pôr-do-sol, amanhã, vai ser mais intenso…a tempestade proibiu-o hoje…amanhã vão-se compensar…” costuma ele dizer-lhe…naqueles dias de tempestade…com mantas e bebidas escaldantes…e não só as bebidas.
“ Tu és o sol...eu sou o mar!” sussurrou ela…a frase infinitamente sussurrada…nos dias de tempestade e não só… “ Podemos não nos tocar hoje…mas a tempestade passará…” recordava, assim…a frase ouvida á distância.
A mão que não rodeava os joelhos...firmemente flectidos frente ao corpo…dedilhava doces nadas na areia… “ Não vejo a tempestade…” pensava ela… “ Não vejo a tempestade…onde está o nosso pôr-do-sol?”…
Começou a soprar a brisa fria da noite…apertou mais os joelhos contra o peito…não teve como ouvir os passos abafados pela areia macia…só soube quando sentiu…
“ Estou aqui…” segredou-lhe ele ao ouvido e…enlaçando-lhe o corpo…teve inicio o pôr-do-sol.
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