domingo, março 09, 2008

Kiss Me


Ouviram-se os sons da noite, as portas a bater…os pés pisaram a gravilha há muito solta..
O ar frio roçou-me o pescoço e, rapidamente, o cobri com a gola do casaco escuro, encostei-me ao carro.. agradecendo à sorte por não fumar, com a carga de nervos que tinha no corpo teria sido um suicídio…fumar a quantidade necessária para me “acalmar”. Chutei uma pedrinha, chutei outra e outra…olhei para o relógio…ainda é cedo, pensei.
Perscrutei o bolso interior do casaco, tomei o peso ao pequeno embrulho sorrindo à minha falta de imaginação..Mais uma vez olhei para o relógio…está na hora!
Desencostei-me, prontamente, do carro, sacudindo o pó do cotovelo direito…olhei para o fundo da rua, um pequeno grupo de miúdos começava a excursão aos bares..o meu seria o seguinte, pensei.
Distraído com os meus pensamentos não dei conta da chegada do pequeno carro…
“ Mike?..Mike?”
Olhei na direcção da voz e vi-a…fiquei parado por um momento, admirando a pessoa que se deparava à minha frente..lembro-me de pensar que era um sortudo…lembro-me de achar que a luz brilhava de uma forma muito mais bonita naquela noite…naquele segundo que me pareceram anos, perdi os sentidos milhentas vezes, vi e revi a bela figura que permanecia parada à minha frente..
“Mike..Mike?”
Ouvi o som que os meus pés fizeram a pisar a gravilha mesmo antes de saber que me estava a mexer…estendi os braços e rodeei-lhe os ombros puxando-a mais para mim.
“ Sim..”
Procurei apoio no carro escuro..e ele não mo negou, segurando estoicamente a estrutura bamba que era o meu corpo …ela não pareceu notar, se notou não o disse.
As mãos descobriam o que os lábios ainda não tinham investigado…mas o tempo deles chegaria. Rapidamente o frio se tornou num calor suportável…momentaneamente suportável.
O pequeno grupo de miúdos ao longe não distinguiam em nós mais que um ser…nem que o quisessem…lembro-me de pensar enquanto brincava com um fecho de casaco…de qual casaco? Não sei…não perdi tempo a descobrir.
Na tomada de fôlego, extremamente necessária, lembro-me dos sorrisos…lembro-me da sensação das cinturas unidas como que fisicamente…levantei uma mão e mais uma vez explorei o bolso do casaco, retirando o pequeno embrulho…
“ Mandei apertar…” disse enquanto lhe rodeava o pulso..
Depois?...como dizia o outro “ Há sempre forma de melhorar o excelente…”

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