quinta-feira, agosto 31, 2006

Considerações

Acho uma impropriedade as pessoas conjugarem o verbo amar no passado: Eu amei... Eu amava... Já ouvis-te orações com menos sentido? As pessoas amam e pronto, no presente. E, se for amor verdadeiro, permanentemente. O amor no passado não foi amor, foi afecto, carinho, paixão, atracção. Mas amor? Não, amor não. Amar é algo mágico, intenso, inexplicável e sem razão, que não morre, não adoece, não fraqueja, não acaba e vence qualquer obstáculo. Amar faz-nos fortes, felizes e, muitas vezes, tristes. Mas quem é que pode passar por esta vida sem nunca ter amado? Sem nunca ter sofrido por amor? Quando perguntamos ou perguntam se já amamos, a resposta pode até ser negativa, mas sempre haverá alguém para se lembrar, alguém por quem o coração disparou, os olhos se encheram d'água, o peito doeu de saudade... Fisicamente ninguém morre de amor, a não ser que se mate, mas espiritualmente o amor mata. Morre quem deixa de acreditar no amor. Quem não ama, ou deixa o seu amor passar (porque ele é um só) , sem lutar por ele, sem insistir, não morre, porque nunca viveu. Já dizia Santo Agostinho: "...a vida é um conjunto de escolhas". Levantas-te de manhã e podes escolher ficar de bom ou mau humor. Escolhas covardes, cheias de orgulho, só geram arrependimento. Escolhas corajosas mantém-nos vivos, mesmo depois de um eventual fracasso. Para ouvir um sim, é preciso arriscar-se a ouvir um não. É difícil dizer EU AMO-TE, mas é fácil ouvir um EU TAMBÉM TE AMO. Escolhe ser feliz. Escolhe ser corajoso. Escolhe ser humilde. Escolhe AMAR. Eu sou hipócrita. Eu errei, tive minha chance e fiz as escolhas erradas, lamento, mas que posso fazer agora? O amor não morreu, continua vivo, mas, mas… A vida é repleta de mas, mas eu aquilo, mas tu aquilo… O amor não morreu nem morrerá, o sofrimento continuará. Como eu escolhi assim, assim ficará, até ficar sem forças para resistir ao meu amor. Digo agora, diminuindo a hipocrisia, sem cair no cinismo pois é verdade. Amo-te, sempre te amei, desde o momento eu que te comecei a conhecer, a saber como dormes, como corres, como olhas e como ris. Podes não ser perfeito, aliás, ninguém o é, mas eu amo a tua imperfeição. Amo a maneira como tu odeias ser chefiado, amo a maneira como arrumas mal as camisolas, amo a maneira como te zangas e bates a porta para logo voltares a entrar, amo a maneira como torces os panos ao contrário, amo a maneira como tu reconheces as imperfeições e as descreves de maneira tão perfeita, amo-te… Quem me dera não te amar de maneira tão latejante, de maneira tão errante, destrutiva.


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1 comentário:

Anónimo disse...

Olá,amigo!
Perante um texto destes,fiquei deslumbrado,mas ainda mais deslumbrado(ou melhor arrepiado...) fiquei,ao reparar que
não te fizeram comentário algum! pois eu li e adorei o que escreveste.
Um abraço,

Dr.Freud-40