sexta-feira, setembro 28, 2007

Alguém lhe toca no ombro… suavemente…

Ela abre os olhos e fixa-os na prateleira de perfumes que tem à sua frente… não, não pode ser… O tempo esticou-se novamente… e pela sua cabeça correram mil e uns pensamentos, mil e uma probabilidades… tinha a certeza que no momento em que se voltasse para encarar quem queria a sua atenção, quebraria o encanto… ou talvez não!

Apetecia-lhe eternizar aquele momento de dúvida… Fingir que era ele! Imaginar que ele pensou nela e ela nele exactamente à mesma hora, no mesmo local… Quase juraria que os dedos que lhe tocaram o ombro lhe pertenciam. Mas não… sabe que sonhar só a tem magoado ainda mais! A realidade era bem mais cruel… iria finalmente ganhar coragem para se virar… fá-lo-ia sem medo até porque a decepção era a garantia final.

Quase em câmara lenta volta-se…

Naquele preciso momento o tempo espacial sofre outra alteração: não se esticou nem prolongou… simplesmente… parou. A música deixou de se ouvir, as pessoas ficaram estátuas, mudas, e o espaço, que outrora fora amplo, ficou reduzido a míseros centímetros.
Ele estava ali à sua frente. Tinha vindo ao seu encontro e, quem sabe, até a esperava… estava de olhar sério e preocupado. Ela reparou que os seus lábios estavam secos e os seus olhos denunciavam cansaço. Olharam-se profundamente. Calmamente. Ninguém falou.

Ela aproxima-se mais dele. Solta uma das mãos do frasco que ainda segurava religiosamente e leva-a à face dele. Sente a pele macia. Toca-lhe nos olhos, nas sobrancelhas, nos lábios. Convencida de que ele é real procura a mão dele…encontra-a gelada. Agarra-a e aperta-a contra si. Finalmente ele esboça um sorriso tímido. Parece perceber, também, que é ela… que ela está ali, presente!

Num movimento brusco puxa-a para si… os corpos colam-se e ficam imóveis… ambos fecham os olhos e entregam-se a um abraço apertado… ele toca-lhe no cabelo, sente-o por entre os dedos… passeia as mãos pelo pescoço dela e beija-o suavemente… ela crava as mãos nas costas dele!

Sentiu vontade de lhe dizer tanta coisa, de tantas maneiras diferentes: gritar-lhe por se ter demorado tanto, por teimosamente permanecer longe e por ter suportado as saudades durante aquele tempo; dizer-lhe que a vida sem ele não fazia sentido e admitir que com ele seria tudo menos fácil, sussurrar-lhe ao ouvido que o queria como nunca tinha desejado ninguém na vida; reconhecer a falta dele mas, da mesma forma, afirmar que a vida tem de continuar… pedir-lhe secretamente que fujam ambos dali, que desapareçam do mundo real e que se escondam num local secreto só deles mas, ao mesmo tempo, reconhecer que a coragem dele não chega para os dois, que ela é cobarde… garantir-lhe que o sorriso dela depende, inevitavelmente do dele… agarrar-lhe com força os colarinhos, puxá-lo contra si, encostar a sua cara à dele e acentuar que o vazio deixa de existir quando ele está por perto…

Naquele dia que em tudo se previa normal, ele quebrou-lhe todos os pensamentos… Afastou-se um pouco, prendeu a sua mão à dela e proferiu, finalmente, as primeiras palavras. Fê-lo de forma segura, firme, rápida e quase autoritária. Pareceu gritar apesar de ser nada mais do que um suspiro.

“ Quem disse que há momentos e horas para se amar? Segue-me…”

De um momento para o outro a vida voltou ao normal, como se um ser algures por ali tivesse carregado no play no filme da vida de todos os outros… A música, essa, regressou baixinho…

Ela seguia-o…

6 comentários:

Selene disse...

e fico-me por aqui... não quero que este blog necessite de uma bolinha no canto superior direito :))

Beijocas

Anónimo disse...

Não ficas nada por aqui..o je vai procurar uma bolinha vermelha..não custa nada!

Anónimo disse...

Já está..

Podes continuar? Sim sim? Grazie!

Anónimo disse...

Aquele era eu..só para não ficarem dúvidas..

Eu tenho, muitos, problemas com blogs

Selene disse...

eh lá... sendo assim não me resta outra alternativa senão continuar...
Eu avisei!!
:)

Anónimo disse...

Selene da-lheeeeeeeeee com força e sem medos looooooooooool
Bjos